Na noite dessa segunda-feira, 17, teve início o III Seminário de Assessoria de Comunicação (Semascom) do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), no auditório do Departamento de História da UFC.
Cerca de 70 pessoas, entre profissionais da área e alunos, presenciaram o debate de três diferentes visões sobre o mercado do marketing de conteúdo e do “branded content (conteúdo de marca)”. O mediador do evento, coordenador do curso, Ismar Capistrano, disse que a ideia do Seminário de Assessoria de Comunicação (Semascom) apareceu, há três anos, pela necessidade de transcender o conteúdo teórico da disciplina e levá-lo para além da sala de aula, por meio do seminário, que ocorre anualmente.
Palestrando no evento, Adailma Mendes (editora-executiva da editoria de cidades do jornal O POVO e ex-editora do LAB 282, o estúdio de Branded Content do Grupo O Povo), Eugênia Cabral (mestre em comunicação estratégica) e Falkner Moreira (analista de mídias sociais) animaram o público.
Com mais de dez anos de experiência em conteúdo customizado pelo jornal O Povo, Adailma destaca a necessidade da quebra de padrões na produção de conteúdo. “Hoje em dia, a função de um assessor não é só escrever release e manter um contato com a mídia. Ele tem que ir além. Temos sempre que atingir a customização ao extremo”, assinala.
Ela também atenta para as dificuldades de conciliar os interesses do cliente e respeitar as premissas do jornalismo. “É uma espécie de advogado do diabo. A gente tem a necessidade de criar algo customizado, de acordo com o interesse do cliente, mas, acima de tudo, manter o trabalho de apuração, demonstrando um engajamento social e preservando um caráter jornalístico”, afirma.
Quanto à produção de conteúdo de marca, Adailma aponta itens importantes para a consolidação de uma marca e a construção de um público: ter um domínio tecnológico, trabalhar com uma diversidade de equipes, sempre fugir da obviedade, entender bem a área de atuação da empresa, conhecer o mercado e oferecer o melhor do cliente sem uma autopromoção.
A coordenadora de Marketing Digital da Caramelo Comunicação, Eugênia Cabral, comenta as possibilidades desse mercado funcionar como "centro de gravidade" de uma empresa. Segundo ela, que é professora recém-contratada pelo Curso de Jornalismo da UFC, o reflexo desse processo é visto pelo site de qualquer empresa, que deve propagar uma boa imagem dela mesma.
A novidade desse mercado surge pela necessidade de produzir conteúdo monetizado sem expôr o nome da marca. "A ideia é trazer o tema, e assim conseguir o lucro, sem a necessidade de falar do cliente", ressalta. Eugênia ainda assegurou que o processo de "construção" da imagem de uma empresa demanda tempo, o qual, muitas vezes, não é compreendido pelos clientes. Para Eugênia, os nichos (preferências) diferenciam o público e os clientes em potencial dessas empresas que contratam as assessorias no marketing de conteúdo.
Recém-formado em jornalismo pela UFC, Falkner Moreira explicou um pouco sobre sua trajetória após sair do meio acadêmico e inserir-se no marketing digital. Fundador do instablog Desfalk, voltado para literatura, Falkner revelou que a criação da página veio após a frustração com o jornalismo da grande mídia, segundo ele, voltado para o lucro. “A mídia tradicional ficou menos colaborativa, cada vez com menos pautas externas, estavam restringindo suas páginas somente a quem paga”, disse.
O analista de mídias sociais relatou que chegou a pensar em desistir do jornalismo, mas o desejo de criar um local de criação de conteúdo com a sua personalidade foi o que fez com que ele revertesse aquela situação de desgosto. “Decidi criar meu site Desfalk com cultura pop, cinema, coisas que eu gosto e que eu acredito”, revelou.
Passado um ano, Falkner viu seu projeto crescer, conseguiu clientes, destaque nas mídias sociais, engajamento de seguidores, relação com influenciadores e propagação através do marketing de conteúdo. Desse modo, percebeu que se tratava apenas de entender o objetivo da empresa, compreender o público e utilizar as ferramentas ideais para “facilitar o crescimento da marca sem o intermédio da imprensa”.
O estudante do quarto semestre, Zeca Lemos, viu-se encantado e identificado com a palestra de Falkner, por também dizer ser apaixonado por jornalismo e literatura. De acordo com Zeca, ele nunca presenciou uma palestra com conteúdo tão aprofundado. “Aqui na UFC, eu particularmente nunca vi uma palestra com tanto aprofundamento. Normalmente, os encontros sobre jornalismo são superficiais e com temas já anteriormente debatidos. O III Semascom foi bem diferente e me surpreendeu positivamente nesta noite”, conclui.