Atividade contou com visita guiada às exposições do museu e com entrevista coletiva com profissionais da fotografia e da comunicação
*Por João de Deus Rodrigues
Estudantes das turmas de Fundamentos da Comunicação e de Deontologia do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) participaram, em 12 de novembro, de uma aula especial no Museu da Fotografia de Fortaleza.
Organizada pelo professor Luís Sérgio Santos e intitulada “O instante decisivo, jornalismo, fotografia e sociedade”, a atividade foi marcada por uma imersão nas exposições do museu e pela interação com profissionais da área.
Os alunos foram recebidos pelo empresário e colecionador Silvio Frota, diretor e fundador do museu, que debateu sobre a missão do espaço. “Estamos atendendo 90 mil crianças, trabalhando em 23 cidades do interior do Ceará, tudo de maneira gratuita”, destacou Frota.
Segundo o colecionador, o museu começou a ser idealizado em 2009, após uma visita a uma exposição do fotógrafo estadunidense Steve McCurry. Além de preservar uma vasta coleção de imagens, o espaço, inaugurado em 2017, é caracterizado por seu papel educacional.
“O museu é uma âncora para o trabalho educacional”, afirmou ele, ressaltando a importância do espaço como ferramenta de democratização cultural.
Visita guiada
A primeira parte da aula consistiu em uma visita guiada ao acervo do museu, conduzida pelos guias Luan Felipe e Raissa Ferreira. No passeio, os alunos da UFC foram levados a um percurso histórico, que apresentava as primeiras fotografias no Brasil e em Fortaleza, além de registros da belle époque fortalezense.
O acervo inclui imagens de locais icônicos da cidade, como o Cineteatro São Luiz, o Passeio Público e a Praça do Ferreira. Em seguida, os estudantes foram introduzidos a movimentos fotográficos, como o Pictorialismo e a straight photography, com destaque para os trabalhos dos Irmãos Vargas (Carlos e Miguel Vargas Zaconet) e da fotógrafa Dorothea Lange.
No primeiro andar, a seção “Máquina do Tempo” chamou a atenção dos alunos ao apresentar as primeiras fotos manipuladas da década de 1960, incluindo imagens com efeitos de longa exposição e grafismos. Outro destaque foram as fotografias de povos indígenas, como os Yanomamis, captadas por Claudia Andujar; e os Tapebas, registrados pelo cearense José Albano.
Debate com comunicadores
A segunda parte da aula foi uma coletiva com profissionais da fotografia e da comunicação. Estavam presentes Clóvis Holanda, jornalista e colunista do jornal O Povo; Maria Letycia, fotógrafa freelancer e membro da equipe de comunicação da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult CE); e Morena Lima, bióloga e fotógrafa do jornal O Otimista. O momento foi uma oportunidade para os estudantes aprofundarem o conhecimento sobre o mercado da fotografia e os desafios da profissão.
“Hoje, estamos em uma sociedade pronta para fotografar”, destacou Clóvis Holanda, enfatizando a relevância das artes visuais em Fortaleza.
Morena Lima, por sua vez, abordou os desafios das mulheres no mercado fotográfico e incentivou as estudantes a persistirem e se profissionalizarem para conquistar seu espaço. “É necessário se impor, profissionalizar-se, conquistar o seu espaço e não baixar a cabeça”, afirmou ela ao comentar sobre o mercado de fotografia, majoritariamente masculino.
A professora Maria Érica de Oliveira, que acompanhou os estudantes, reforçou a importância de atividades fora da universidade, incentivando-os a explorar “além dos muros do Benfica”.
De acordo com o professor Luís Sérgio Santos, a ideia da aula no museu surgiu de um dos estudantes. “Os alunos cumpriram o que foi apresentado em sala de aula. O Museu da Fotografia foi um ótimo laboratório. Aqui, nós cumprimos duas etapas: a imersão e a vivência de uma coletiva de imprensa”, ressaltou.
Aluno do primeiro semestre do curso de jornalismo, Anchieta de Carvalho expressou sua satisfação com a experiência. "Sensacional. Eu, como invisual, gostei da interação dos convidados a cada pergunta respondida. Bom seria que houvesse a cada dois, três meses ou a cada semestre uma aula assim, para socializar e conhecer cada vez mais”, defendeu.
Museu da Fotografia de Fortaleza
Endereço: Rua Frederico Borges, 545, Varjota
Funcionamento: De terça a domingo, 12h às 17h
Entrada Gratuita
*João de Deus Rodrigues é estudante do curso de Jornalismo da UFC | Edição: Robson Braga
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