Evento desta terça (12) reuniu jornalistas de diferentes gerações e deu início à temporada de comemorações alusivas aos 60 anos do curso, a serem celebrados em 12 de novembro de 2025
Texto: Levi Macêdo
Imagens: Lorena Nantua e Isabella Pascoal*
O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) completou 59 anos de existência nesta terça-feira, 12 de novembro. E, para celebrar essa data, o curso convidou para um bate-papo quatro jornalistas formados pela UFC que fizeram e fazem parte dessa trajetória.
Inês Aparecida, Juliana Bomfim, Maurício Lima e Rômulo Costa foram convidados a compartilharem suas vivências durante mesa intitulada “59 anos do curso de Jornalismo da UFC: eu faço parte dessa história”. O evento ocorreu no auditório do curso de História da UFC, no prédio do Programa de Pós-Graduação em Economia (Caen), no Centro de Humanidades 2 (CH2), Benfica, Fortaleza.
O professor Rafael Rodrigues deu início às falas, apresentando os jornalistas egressos do curso e desejando que aquele fosse “um debate que funcione como uma conversa fluida, com troca de experiências”.
O docente destacou, ainda, que o bate-papo inaugura o ciclo de comemorações alusivas aos 60 anos do curso, a serem celebrados em 12 de novembro de 2025. Compõem a comissão organizadora dos 60 anos do curso os professores Rafael Rodrigues, Naiana Rodrigues, Rosane Nunes, Kamila Fernandes e Ana Cláudia Peres.
Primeiros passos no jornalismo
Escolhido para dirigir a discussão, Rômulo Costa, jornalista e mestre em Comunicação pela UFC, começou falando como ele se sente sempre que retorna ao ambiente universitário. "Estar aqui me reconecta com o jornalismo e com o 'ser jornalista'", destacou.
Os quatro convidados, em seguida, relembraram algumas experiências do início de suas próprias trajetórias no curso de Jornalismo da UFC. "Minha mãe me deu alguns jornais de colégio quando eu passei na faculdade. Eu nem me lembrava de que eu brincava de jornal quando era menor; isso foi interessante demais”, contou a jornalista Juliana Bomfim.
Ela relata que, ao chegar à universidade pela primeira vez, não sabia onde ficavam as salas de aula do curso de Jornalismo, indo parar em uma das Casas de Cultura da UFC. Juliana chegou a perguntar onde seriam as aulas a uma pessoa de lá, mas desconfiou da resposta, crendo que aquilo seria parte de um “trote”.
Já o comunicador e presidente reeleito do BNB Clube Maurício Lima – conhecido como Maurição – narrou em tom de humor algumas “gafes” que cometeu no início do curso. Ele lembra que chegou a confundir as disciplinas em que estava matriculado, resultando em um acúmulo de faltas no início do primeiro semestre.
Inês Aparecida, jornalista e integrante do podcast de política “As Cunhãs”, contou que tem uma relação antiga com a escrita e como isso a levou até a área na qual se especializou. "Desde que eu me entendo como gente, eu escrevo. Eu sempre gostei de escrever e, por isso, eu escolhi jornalismo", rememora.
Relação com os professores
Inês revelou, ainda, como era diversa a relação com cada professor do curso. Segundo ela, alguns dos professores demonstraram maior rigor em sala de aula, enquanto outros eram mais flexíveis, o que refletia na execução das atividades, que, muitas vezes, precisavam ser refeitas diversas vezes.
Rômulo afirmou que a docente que mais marcou sua trajetória na universidade foi Naiana Rodrigues, atual vice-coordenadora do curso de Jornalismo da UFC. Juliana, por sua vez, citou o professor Ricardo Jorge como docente que mais teve impacto na vida acadêmica dela.
Maurição citou Ivonete Maia como sendo a professora que mais o marcou ao longo do curso. Os convidados, no entanto, nomearam três pessoas em comum quando falaram sobre os docentes que mais os impactaram: Gilmar de Carvalho, Agostinho Gósson e Ronaldo Salgado.
Ao citar momentos marcantes de sua formação, Juliana narrou que, por conta de seu emprego, ela estava com dificuldades para comparecer às aulas de uma disciplina ministrada pelo professor Agostinho e, por isso, precisou ter uma conversa com ele para negociar sua frequência em sala.
Nessa conversa, ela diz que ouviu dele algo de que nunca mais esqueceu: “Aqui, nesta disciplina, você precisa aprender a ser jornalista. Não vindo a esta aula, você não vai aprender a ser jornalista”.
Experiências dentro e fora da pauta
Juliana e Inês pontuaram que, no curso de Jornalismo, não há limitações de aprendizado. O curso, segundo elas, não se faz apenas de teoria e prática, mas também de construção de caráter e consciência cidadã.
Para além da sala de aula e das pautas do dia a dia, os convidados também trouxeram relatos de momentos de convivência com os amigos da faculdade e relembraram com muito humor e descontração as idas às calouradas e aos bares nos arredores da universidade.
Avanços na universidade
Ao compararem o atual contexto da UFC com as épocas em que estiveram na graduação, eles reconhecem as evoluções estruturais da universidade, como o advento das cotas e de ferramentas de acessibilidade, que trouxeram maior igualdade no acesso aos cursos de ensino superior.
Inês faz uma observação ao se deparar com esse comparativo. "Na minha época, tinham pessoas que entravam na universidade apenas por status, enquanto outras realmente queria fazer jornalismo; e eu me incluo nestas. Até hoje, eu quero fazer jornalismo", reforça.
Ao fim do debate, todos se demonstraram gratos ao curso por ter-lhes proporcionado mudanças importantes nas próprias vidas e transformações pessoais ao longo de suas trajetórias profissional. Rômulo destacou um aspecto fundamental da graduação: "O curso de Jornalismo não se faz sozinho, mas de forma coletiva".
*Levi Macêdo, Lorena Nantua e Isabella Pascoal são estudantes do curso de Jornalismo da UFC / Edição: Robson Braga
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