Mesa contou com a advogada Beatriz Azevedo, a oceanógrafa Débora Melo e o agente ambiental indígena Mateus Tremembé; já a oficina sobre pauta jornalística foi ministrada pelo jornalista Nícolas Paulino
Por Fernanda Filiú
A 12ª edição da Semana de Jornalismo (Sejor), evento organizado pelo Programa de Educação Tutorial de Comunicação (PetCom) da Universidade Federal do Ceará (UFC), realizou, nesta quarta-feira (27/04), sua segunda mesa com o tema “Luta ambiental no Ceará”. Entre os temas debatidos, os convidados apontaram a urgência de mudanças nas políticas públicas voltadas ao meio ambiente e os impactos sobre as comunidades originárias gerados por projetos econômicos predatórios que vêm ganhando força nos últimos anos na região.
Mediada pelo professor do curso de Jornalismo Edgard Patrício, a mesa contou com a participação de Beatriz Azevedo, ativista climática, advogada especializada em Direito Ambiental e Urbanístico e co-fundadora do Instituto Verdeluz; Débora Melo, ativista ambiental em prol da conservação de tartarugas marinhas, graduada em Oceanografia pela UFC e membro do Instituto Verdeluz; e Mateus Tremembé, agente ambiental indígena, pesquisador da cultura alimentar Tremembé da Barra do Mundaú e estudante de Agronomia da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Em sua fala, Beatriz Azevedo abordou a geração de energia no Ceará, destacando a mineração de urânio e fosfato em Santa Quitéria, a implantação de usinas offshore e o uso de termoelétricas no Pecém e suas consequências para a população local. Dentro de um contexto de crise climática, a ativista denunciou a situação, criticou o desenvolvimentismo predatório e ressaltou o papel do jornalismo como propulsor de informações sobre causas ambientais.
“É necessário se aprofundar nas contranarrativas e nas narrativas que mostram o outro lado desse suposto desenvolvimento”, defendeu a advogada.
Mateus Tremembé expôs a relação do povo indígena com a luta ambiental. Para ele, os impactos da narrativa desenvolvimentista e progressista são desastrosos e influenciam diretamente o modo de vida dessas populações. Complementando a fala de Beatriz, o pesquisador comentou sobre a inserção de usinas eólicas offshore na costa cearense.
“A energia eólica de hoje é renovável, mas ela não é sustentável, porque impacta diretamente o acesso ao território e a natureza”, argumentou.
Já Débora Melo encerrou o debate falando sobre a história do Instituto Verdeluz e sua relevância para a luta ambiental no Ceará, principalmente em relação à conservação de tartarugas marinhas e à proteção das dunas da Sabiaguaba. Ela também relatou a falta de um centro de atendimento de animais selvagens no estado, o que precariza o resgate e o tratamento deles.
“É motivo de vergonha para o estado [do Ceará], pois as organizações que se mobilizam para isso ficam desamparadas”, lamentou.
Oficina sobre pauta jornalística
Também nesta quarta-feira (27), a Sejor contou com a oficina “Ferramentas e fontes para pautas sobre jornalismo ambiental”, ministrada por Nícolas Paulino, jornalista do Sistema Verdes Mares. O ministrante conversou com estudantes do curso de jornalismo da UFC sobre os objetivos do jornalismo ambiental e a cobertura do tema no contexto cearense.
Programação
A programação da Sejor 2022 terá continuidade nesta quinta-feira (28), com rodas de conversa.
Confira a programação do último dia:
Quinta, dia 28 de abril
14h às 16h: roda de conversa “Escrever em tempos de catástrofe”
Com Alice Sales (agência EcoNordeste), Sara Café (Instituto Verdeluz) e Sara Oliveira (O Povo)
Local: auditório José Albano, no CH I da UFC, bairro Benfica, Fortaleza
16h às 18h: roda de conversa sobre o jornal Impressões Sustentabilidade
Com Ingrid Campos, Cindy Damasceno e Júlia Duarte
Local: auditório José Albano, no CH I da UFC, bairro Benfica, Fortaleza
As inscrições para as rodas de conversa seguem abertas; clique aqui para se inscrever.
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