No corpo, 60 anos; na alma, a eternidade
- Curso de Jornalismo
- 12 de nov.
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A coordenadora do Curso de Jornalismo da UFC, Naiana Rodrigues, dimensiona permanências e mudanças no jornalismo a partir das seis décadas de vida do Curso

Por Naiana Rodrigues, professora do Curso de Jornalismo da UFC
Estamos celebrando hoje a trajetória de um SENHOR curso. Do alto de seus 60 anos, o Jornalismo da UFC foi uma testemunha da história do Brasil e do mundo e um agente na construção da opinião pública no Ceará e na consolidação da profissão de jornalista.
Pelos olhos de seus discentes e egressos, o Curso de Jornalismo se afligiu com a censura da imprensa na Ditadura Militar, folheou o primeiro jornal totalmente em cores no Ceará, foi resistência nas trincheiras da luta pela democracia, acessou o primeiro site jornalístico local, observou a convergência das redações, viu jornais impressos morrerem, defendeu a ciência no combate à Covid-19 e criticou a plataformização das notícias.
De mãos dadas com a Associação Cearense de Imprensa e com o Sindicato dos Jornalistas no Estado do Ceará, o Curso de Jornalismo contestou o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão e defendeu a democratização dos meios de comunicação.
Atento às mudanças, o Curso de Jornalismo derrubou as fronteiras entre a erudição e o popular, estendendo sua troca de saberes com comunicadores alternativos e independentes Ceará adentro e acolhendo as filhas e filhos da classe trabalhadora vindos do Brasil afora.
Em sua própria casa, a UFC, o Jornalismo viu nascer seu curso irmão, Publicidade e Propaganda, apadrinhou o Instituto de Cultura e Arte (ICA) e embalou o jovem Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM). Tudo isso, sem se afastar do Centro de Humanidades 2, onde está seu corpo físico.
Um corpo que, às vezes, enfraquece pela ação do tempo, mas que sempre se ergue graças à grandeza de sua alma, forjada pela ética jornalística, pela diversidade de vozes e pela justiça social. Esse é o espírito que dá vida a um Curso antigo, mas não anacrônico.
Referência na formação de jornalistas, de assessores de comunicação e de profissionais que realizam diferentes trabalhos de comunicação, seu frescor está na produção de conhecimentos e de experiências com jovens que abrem suas mentes para a vida universitária e, depois de formados, levam o Jornalismo em seus corações.
Hoje, neste auditório, temos jovens do presente e juventudes do passado que podem até estar distantes na linha do tempo do jornalismo cearense, porém estarão sempre próximas, unidas por um laço imaginário, por uma identidade social: ser jornalista formado pelo Curso de Jornalismo da UFC.
Uma referência que se traduz em afeto, respeito e na certeza de que nós somos este curso hoje e nos próximos amanhãs, por mais 10, 20 e 60 anos. Sigamos então neste caminho e com esta convicção: enquanto houver trabalho jornalístico, o Curso de Jornalismo existirá e resistirá.



