O professor e jornalista foi o convidado do bate-papo promovido pelo curso de Jornalismo durante a semana de paralisação de professores da UFC
Por Lóren Souza
O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) recebeu, na última quarta-feira (24), o professor Ronaldo Salgado para debater o tema "política, democracia e jornalismo" na aula aberta que compôs o calendário da Semana da Educação em Defesa da Democracia. O evento foi realizado na área externa do prédio do curso de Jornalismo, no Centro de Humanidades, no bairro Benfica, em Fortaleza.
Defensor do Jornalismo como ferramenta para a manutenção da democracia, Salgado criticou práticas jornalísticas atuais que, na sua avaliação, pecam pela falta de criticidade e pelo não cumprimento do papel democrático da profissão.
“Pela ideologia, [o jornalismo] deve ser crítico e desbravador para que a sociedade tome consciência”, argumentou Ronaldo. Para ele, a lógica mercadológica acaba por descaracterizar o propósito cidadão do jornalismo.
Na avaliação do professor, algumas práticas jornalísticas de caráter mercadológico demonstram mais interesse pelo “valor de troca” que os produtos jornalísticos podem trazer, por meio da publicidade, do que pelo interesse público, afetando, assim, a produção e a qualidade dos conteúdos publicados.
Salgado questionou, ainda, a "lógica de metas" que vem se intensificando nas redações de veículos de comunicação, de modo que as pautas e as matérias são idealizadas a fim de se obter maior audiência.
Comparando com o cenário atual que marca a prática jornalística, Salgado relembrou grandes coberturas jornalísticas que impactaram e causaram mudanças sociais, políticas e econômicas nacional e internacionalmente, a exemplo do caso Watergate, nos Estados Unidos, e das coberturas sobre o assassinato de Chico Mendes e sobre a Chacina da Candelária, ambos no Brasil. Para ele, investigações nessas proporções parecem ter ficado no passado.
Salgado destacou, como exemplo, o fato de o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips na terra indígena do Vale do Javari (AM) não ter recebido cobertura em profundidade.
*Lóren Souza é estudante do curso de Jornalismo da UFC e bolsista do Programa de Educação Tutoral dos cursos de Comunicação da UFC, o PETCom. Edição: Robson Braga
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