Uma pesquisa que homenageia a "todos os trabalhadores, pesquisadores e profissionais da saúde que lutaram bravamente em defesa da vida, da ciência e da justiça social". Com essa dedicatória repleta de consciência da densidade dos acontecimentos que são a matéria-prima do jornalismo — neste caso, a disruptiva e aterradora pandemia da Covid-19 — a jornalista Ísmia Kariny, 27 anos, abriu sua monografia de graduação, intitulada "A percepção da ‘presencialidade’ como dimensão de qualidade na produção jornalística".
Este trabalho, defendido no semestre 2021.1 no Curso de Jornalismo da UFC, venceu o Prêmio Adelmo Genro Filho (PAGF) 2022 na categoria Iniciação Científica. Oferecido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), o prêmio busca reconhecer a qualidade do trabalho acadêmico realizado nas universidades ou nos centros/institutos de pesquisa, valorizando a atuação individual dos pesquisadores, de modo a construir/consolidar a identidade do campo científico do Jornalismo.
Na investigação orientada pelo professor Edgard Patrício, Ísmia busca compreender até que ponto as limitações provocadas pela pandemia podem afetar o processo de produção da notícia. Nesse sentido, a redução ou mesmo a ausência da presencialidade, em muitos contextos de produção da notícia ao longo da crise sanitária, é percebida por muitos jornalistas como limitadora da qualidade do jornalismo. A respeito do propósito da pesquisa, Ísmia comenta:
o ato de pesquisa nunca é solitário. Na pesquisa e no jornalismo somos atravessados e surpreendidos pelo universo do outro para (des)construir ideias e percepçÕes. Essa é também uma das principais reflexÕes da pesquisa, que traz a presença como destaque na construção da qualidade jornalística. A proposta é entender como a redução da presencialidade repercute no jornalismo. Trabalhar juntos e ver esses resultados é maravilhoso e estou grata pelo reconhecimento.
Para atingir o objetivo geral, Ísmia valeu-se de pesquisa bibliográfica e da aplicação de um survey, respondido por 112 participantes, entre profissionais jornalistas, docentes e estudantes de jornalismo. Nesse inquérito, Ísmia pôde avaliar a importância que os sujeitos atribuem para dimensões da presencialidade, como o testemunho ocular dos acontecimentos, a realização de entrevistas face a face e o contato com o ambiente da cidade, entre outros.
A monografia surgiu como parte do projeto "‘A qualidade no jornalismo – construção de uma matriz de indicadores vinculados à produção e ao consumo da informação", do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do qual Ísmia participou entre 2020 e 2021. O orientador do projeto e da monografia dele resultante, professor Edgard Patrício, afirma que a conquista de Ísmia evidencia a importância do fomento à pesquisa na universidade pública.
Acreditamos na Ciência, na Universidade Pública, na Pesquisa Acadêmica e no Jornalismo. Na relação entre conhecimento e transformação social! Na conquista de Ísmia, dei uma colaboraçãozinha. Uma dica aqui, uma alternativa ali, uma informação complementar acolá. Mas esses toques não valeriam nada se Ísmia não soubesse interpretar esses sinais e incorporar enquanto produção. E é esse o desafio de cada pesquisador(a). Movida(o) pelo desejo dos interesses coletivos, mudar as realidades! A iniciação científica pÕe Estudantes de graduação nesse caminho.
Agora parte de um coletivo de pesquisadores cujo trabalho tem sido laureado pelo PAGF desde seu início, em 2004, Ísmia comemora e partilha as alegrias do reconhecimento.
Ser agraciada com o Prêmio Adelmo Genro Filho é uma grande honra e privilégio. Sobretudo com o reconhecimento vindo de uma instituição tão cara para a pesquisa em jornalismo no Brasil - a SBPJor. Saber que a minha pesquisa sobre a qualidade no jornalismo foi considerada merecedora do título de melhor trabalho de conclusão de curso é um sentimento indescritível. E não seria possível ter obtido esse reconhecimento sem a inspiração e orientação do meu orientador Edgard Patrício e as contribuiçÕes dos meus colegas do Pibic.
O PAGF é entregue anualmente em cinco categorias: Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado, Pesquisa Aplicada e Sênior, que premia um pesquisador por sua trajetória acadêmica e pelas contribuições para consolidar o jornalismo como área científica. Em 2022, o prêmio será entregue na própria UFC, que sedia o 20º SBPJor.
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