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Como se faz cultura em Fortaleza?

  • Kamila Fernandes
  • há 20 horas
  • 5 min de leitura

No dia, 14 de maio, o Centro Cultural Belchior (CCBel) sediou o 5° evento do ciclo 60 anos de Jornalismo UFC. Com o tema “Fortalezas: entre a cultura e o jornalismo”, a programação trouxe Sílvia Bessa, gerente de Comunicação e Projetos da Pinacoteca do Ceará e Helena Barbosa, atual Secretária de Cultura de Fortaleza e egressa da UFC, do curso de Ciências Sociais.


Texto: Lucas Matheus e Naiana Rodrigues

Edição: Naiana Rodrigues

Fotos e vídeos: Pedro Igor


Na UFC, a cultura está na sala de aula, nos corredores e nas coberturas alternativas às da grande mídia realizadas pelo ComCultura UFC, um projeto de extensão do Curso de Jornalismo que foi uma das primeiras atrações do evento “Fortalezas: entre a cultura e o jornalismo”. A ação foi apresentada pelos discentes coordenadores do projeto, que apresentaram a linha editorial do ComCultura e alguns de seus produtos.


As discentes Isabella Pascoal. Laura Tavares, Lívia Vieira e o discente José Herculino apresentaram o projeto de extensão que se dedica à cobertura de fatos culturais
As discentes Isabella Pascoal. Laura Tavares, Lívia Vieira e o discente José Herculino apresentaram o projeto de extensão que se dedica à cobertura de fatos culturais

Na sequência, a experiência do jornalismo profissional entrou em cena com a fala da jornalista Silvia Bessa, que levantou a questão de como o jornalismo cultural foi mudando e se adaptando ao longo do tempo na cidade de Fortaleza. A jornalista construiu uma verdadeira linha do tempo de políticas de cultura do Estado e de seus equipamentos e do próprio jornalismo na cobertura dessas transformações. Ela ainda citou alguns de seus colegas que a ajudaram em sua trajetória, como Ethel de Paula, Lucas Dilacerda e Ana Cláudia Peres, professora substituta do curso de Jornalismo da UFC e mediadora da mesa.



O ciclo 60 anos fez sua primeira itinerância pela cidade, aportando no Centro Cultural Belchior na Praia de Iracema
O ciclo 60 anos fez sua primeira itinerância pela cidade, aportando no Centro Cultural Belchior na Praia de Iracema

Percurso semelhante foi construído pela cientista social e hoje secretária de cultura de Fortaleza. Helena Barbosa revisitou sua trajetória na cultura, que começou meio que por acaso, com um curso em audiovisual que se apresentou como uma capacitação para o trabalho, mas que introduziu a então adolescente no universo da cultura. De lá, ela deu passos maiores, se graduou em um curso noturno na UFC, participou de outras políticas públicas e tomou a gestão cultural como seu ofício, o que a conduziu ao lugar que hoje ocupa. Uma trajetória de 20 anos que não fez Helena esquecer de onde saiu: do Vicente Pinzon, de uma área periférica, onde a cultura também precisa chegar para que novas Helenas, Marias, Pedros e tantos outros possam ser forjados.


Concretismo cultural e identidade


Em um dos debates levantados durante a mesa, Helena contou sobre um programa criado por ela em colaboração com o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – na época em que foi superintendente do equipamento – e a vizinhança local. Dele, surgiu a ideia de emissão de carteirinhas de gratuidade para exposições, filmes e quaisquer eventos culturais para os moradores próximos ao Dragão do Mar, possibilitando a permanência dessas pessoas em espaços culturais. Ela ressalta que esse tipo de vínculo físico – concreto –, é importante para, de certa forma, reforçar a ideia de que esses locais pertencem e devem ser ocupados por essas pessoas. Embora apoie essa ideia, a secretária comenta o fato desse tipo de ação “não ser necessária em um mundo ideal”, em que todos teriam facilmente acesso à cultura. 


Representatividade e cultura antirracista


Outro tópico abordado foi o de como a cultura ainda é excludente para alguns grupos. A jornalista recém formada, Dhara Amorim, fez um relato sobre sua dificuldade em ter contato com esses temas sociais relacionados à cultura e como é importante para ela uma mulher negra, como Helena, ocupar um cargo público, ressaltando a necessidade de representação em diversos âmbitos. 


“Precisamos de um objeto para nos legitimar, mas não deveria ser assim.” | Helena Barbosa


A secretária emocionou-se ao ouvir o relato da jornalista e contou sobre um episódio de racismo que sofreu durante o ciclo carnavalesco promovido pela própria Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). Helena disse que, ao tentar entrar no evento, foi impedida pelos seguranças por não estar com o crachá e, mesmo afirmando que era a secretária de cultura, não foi levada a sério. Devido não ter esse objeto concreto para a legitimar, acabou não conseguindo participar de um evento promovido pela sua própria secretaria.



Na mediação do debate, a professora do curso de Jornalismo, Ana Cláudia Peres.
Na mediação do debate, a professora do curso de Jornalismo, Ana Cláudia Peres.


Acessibilidade e inclusão no jornalismo 


A jornalista Silvia Bessa foi perguntada sobre a necessidade de um trabalho conjunto para a disseminação da cultura. A gerente de comunicação pontuou que a Pinacoteca também tem uma ação para incentivar e facilitar o acesso dos moradores locais à cultura no equipamento cultural, inclusive contratando, de forma remunerada, cidadãos vizinhos do espaço. A ação promove uma inserção de diversos grupos sociais e que, muitas vezes, não vêem esses locais como algo pertencente a eles.


“O Jornalismo se faz em coletividade.” | Silvia Bessa


Além disso, ela também destaca a acessibilidade como um dos caminhos que tem tentado tomar para disseminar melhor a cultura e cita os recursos de audiodescrição e Libras, que já estão inseridos em exposições do local para as pessoas PCD. A jornalista ainda afirma sobre a criação de um mailing de comunicadores PCD, porque o atual sistema de acessibilidade é voltado para os visitantes, mas a imprensa acaba não tendo esse suporte.


Planos de cultura


“Não dá pra saber sobre a cidade, se não conhecer a cidade” | Helena Barbosa


A secretária de cultura falou sobre um projeto que tem previsão para ser implementado a partir do segundo semestre do ano de 2025. O plano é que agentes da secretaria de cultura irão para as regionais conversar com os moradores daqueles lugares para entenderem as demandas dessas pessoas e explicar o que faz esse órgão e a sua importância. Afirmando que “antes de criar novos espaços, precisa melhorar os que já existem”. A ideia desse projeto veio de uma pesquisa vista por Helena, elencando os pontos principais onde as pessoas têm contato com cultura local, sendo o primeiro lugar as praças, em segundo, as quadras das escolas e apenas em quinto lugar os equipamentos culturais, como o Centro Cultural Belchior, onde o evento do ciclo 60 anos do Curso de Jornalismo foi realizado. 


Ao final do evento, Silvia Bessa aproveitou para divulgar uma exposição – a qual será inaugurada no sábado, 17, de maio, a partir das 16h30 – na Pinacoteca. Com o tema ”Existências paralelas: acervo em (des)construção”, a programação é parte da 23ª Semana Nacional de Museus, que acontece entre os dias 14 e 18 de maio em diversos equipamentos culturais da cidade de Fortaleza.







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