Comemoração dos 60 anos do Jornalismo marca segundo dia da Secom
- Curso de Jornalismo
- 12 de nov.
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Solenidade no auditório da Reitoria da UFC contou com presença do reitor Custódio Almeida e da vice-reitora Diana Azevedo, além de conferência com o professor Marcelo Alves (PUC-Rio); ao longo da terça (11), rodas de conversa e oficinas mobilizaram estudantes
Texto: Rafaell Estebann e Rafael Rodrigues
Edição: Taís Lustosa e Robson Braga

"Do alto de seus 60 anos, o Curso de Jornalismo da UFC foi uma testemunha da história do Brasil e do mundo, um agente na construção da opinião pública no Ceará e na consolidação da profissão de jornalista". Com essas palavras, a professora Naiana Rodrigues, coordenadora do Curso de Jornalismo, dimensionou o legado do Curso durante a solenidade de aniversário da primeira escola superior de Jornalismo do Ceará. O evento marcou o segundo dia da 24ª Semana de Comunicação (Secom) da UFC, na noite desta terça-feira, 11, véspera do aniversário que transcorre em 12 de novembro.
Egressos do Curso de várias gerações, estudantes e autoridades se fizeram presentes à cerimônia no auditório da Reitoria da UFC, que celebrou o poder do jornalismo como uma mediação fundamental para a democracia e como uma atividade capaz de permear as existências dos milhares de profissionais formados pelo Curso desde sua fundação, em 1965. Em pronunciamento durante a solenidade, o reitor da UFC Custódio Almeida parabenizou o Curso e observou como o jornalismo, e a própria vida universitária, necessitam do compromisso coletivo para existirem.
Já o presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI), Eliézer Rodrigues, rememorou os esforços dos fundadores do Curso — especialmente a jornalista Adísia Sá e o então presidente da ACI Antônio Carlos Campos de Oliveira — para fazer avançar a formação de jornalistas, uma demanda da categoria em 1965, quando ocorreram os primeiros cursos livres de jornalismo na ACI. Lembrou ainda como os jornalistas tiveram de lutar contra o autoritarismo da emergente ditadura militar ao longo de vários dos 60 anos do Curso.
O evento contou ainda com a conferência "8 de Janeiro, Comunicação e Democracia", ministrada por Marcelo Alves, professor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O conferencista traçou os caminhos dos movimentos da extrema direita que levaram até o 8 de Janeiro, articulando ciência política e estudos de mídia. Marcelo também apresentou o Acervo Digital 8 de Janeiro, repositório com mais de um milhão de publicações sobre a fatídica data, resultado de sua pesquisa.
Rodas de conversa
Além da solenidade em alusão aos 60 anos do curso de Jornalismo da UFC, o segundo dia da 24ª Secom contou com oficinas e rodas de conversa que pautaram temas como produção cultural, políticas públicas e de pertencimento à cidade e uso de inteligência artificial na comunicação.
No Instituto de Cultura e Arte (ICA), localizado no campus do Pici, a programação iniciou às 8h com a roda de conversa “De Um Ponto a Outro - Produção Cultural e Streetwear”, com o pesquisador de manifestações artísticas e idealizador da marca Hust Street, Caio Vieira. Foram discutidas as nuances relacionadas à produção e ao estilo de moda urbana, no contexto da expressão artística e de resistência.
A partir do olhar voltado para a tradição e cultura pernambucana, a fotógrafa e arte-educadora Ana Araújo expôs sua trajetória no fotojornalismo por meio da roda de conversa “As loiceiras de Tacaratu e Pankararu - Identidade, memória e resistência: como produzir fotolivros”.
Para Lívia Vieira, aluna do 5º semestre de Jornalismo, a experiência foi além de inspiradora. “Estou iniciando meu caminho na fotografia e no fotojornalismo e o momento me tirou do escuro sobre o processo de produção de um fotolivro. Ana mostrou-me que o afeto, o vínculo ou o simples interesse é o passo que vem antes do clique”, partilhou.
No auditório do Museu de Arte (MAUC) da UFC, às 16h, a roda de conversa “Como o jornalismo político chega às comunidades de Fortaleza?” aconteceu, com mediação da estudante do 6º semestre de Jornalismo e estagiária da coluna Vertical do jornal O Povo, Camila Maia, e participação da jornalista e repórter do G1 Ceará Gabi Feitosa e da jornalista e colunista de esportes Júlia Duarte. O momento serviu de debate sobre até onde a cobertura de política no jornalismo se estende no território da cidade.
Simultaneamente, a roda de conversa “Próxima Estação - Os Novos Rumos das Políticas e Produções Culturais”, contou com o debate de Raí Kehinde, professora Zuleide, Arth3mis e Vladimir de Ogún. A discussão explorou os impasses entre as políticas públicas de pertencimento à cultura, à cidade e à educação consciente, além de trazer o papel das religiões de matriz afro-brasileiras como local de representatividade e acolhimento na luta contra vulnerabilidades sociais.

Matheus Ramos, estudante de Publicidade e entusiasta da área de Sociologia, descreveu a relevância do momento para si. “Escolhi participar dessa roda de conversa pelo tema, pelos participantes, mas também para ocupar espaço das ciências sociais, que tem um espaço muito afetivo para mim. Então, foi incrível bater esse papo e compreender esses caminhos de diversas perspectivas, um momento muito oportuno e, sem dúvida, um dos principais pra mim”, considerou.
Oficinas
Às 10h, duas oficinas aconteceram simultaneamente. “Colando afetos: nossos recortes sobre a identidade negra”, com a jornalista e pesquisadora de identidades e manifestações periféricas afroculturais, Dhara Amorim, e a produtora e pesquisadora de cinema de mulheres negras cearenses, Magi do Carmo.
Sobre o impacto da atividade, Grasieler Martins, estudante do 6º semestre de Jornalismo, expressou nostalgia como resultado. “As meninas trouxeram, a partir dessa oficina, um resgate à infância negra, que é o momento em que a gente perpassa nossas impressões do mundo e as marcas são deixadas em nós, a partir do que o mundo nos traz de volta”, dividiu.
“Ponto de Vista - Capturas e Rememórias” foi a segunda oficina, que aconteceu às 10h. Ministrada por Lidiane Anacé, integrante da Articulação da Juventude Anacé (AJA) e da Juventude Indígena Conectada (JIC), a atividade explorou os formatos e as técnicas possíveis por trás das lentes.
“Foi um papo muito interessante. Passamos por alguns princípios da fotografia, fomos para a prática e nos dividimos em equipes para aplicar os conhecimentos repassados”, destacou Agnes Maria, estudante de Publicidade e Propaganda que participou da ação.
Ainda no período da manhã, no Centro de Humanidades II (CH II), a repórter do jornal O Povo com publicações em sites internacionais e atuação política, Bemfica de Oliva, ministrou a oficina “Sindjorce apresenta: uso crítico da IA para jornalistas e comunicadores”. A ocasião serviu como oportunidade de letramento digital sobre o uso ético das novas ferramentas de trabalho no meio comunicacional.
No turno da tarde, quatro atividades aconteceram no campus do Benfica. Retomando às 14h, a oficina “Um Olhar no Veneno: A Pauta e Apuração do Jornalismo Investigativo", com o 4º jornalista mais premiado do Nordeste, Melquíades Jr., aconteceu no bloco de Jornalismo e explorou as características inerentes à investigação no campo jornalístico.
Exposição Abdias Nascimento
O dia ainda contou com a abertura da exposição “Abdias Nascimento: O Futuro que Nos Pertence”. Com um acervo do Centro Acadêmico Ivonete Maia (Caim), do Curso de Jornalismo da UFC, a exposição reúne fotos, documentos e outros vestígios daqueles que caminharam ao longo dos 60 anos do curso e da trajetória da comunicação na UFC. A exposição acontece em dois espaços do prédio de Jornalismo: na sala JOR 8, no terceiro andar, e no mural ao lado da JOR 1/Coordenação. A exposição ficará disponível até sexta-feira (14), das 9h às 12h e das 14h às 18h.
Confira a programação dos próximos dias:
Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
8h – 10h
• Do olhar sensível ao comunicar sensível: pertencimento como estratégia - CS107 / ICA/Pici • Narrando o olhar: oficina de locução - CS108 / ICA/Pici
10h – 12h
• Design periférico: descentralizando o olhar para inovar — Lab 101 / ICA/Pici
14h – 16h
• Passa a bola para mim: cobertura esportiva — Lab A / Curso de Jornalismo/Benfica
16h – 18h
• Como mudar a construção de narrativas nas mídias tradicionais? — Auditório MAUC / Benfica
• Design periférico: criando minha identidade a partir das ruas — Lab A / Benfica
18h – 20h • Mostra audiovisual — Espaço Bergson Gurjão / Reitoria/Benfica
Quinta-feira, 13 de novembro de 2025
8h – 10h
• Forró de favela: um debate sobre identidade e memória — CS207 / ICA/Pici • Empreendedorismo e estética negra — CS205 / ICA/Pici
10h – 12h
• Estratégias digitais: criando comunidades e fortalecendo narrativas — CS207 / ICA/Pici
• Storytelling estratégico - CS105 / ICA/Pici
• As ruas faladas por nós: oficina de slam com Pretassa — JOR 01 / Curso de Jornalismo/Benfica
14h – 16h
• No fluxo das ideias: oficina de podcast — Lab A e Estúdio de Rádio / Benfica
• Escrevendo histórias: roteirização para curtas — JOR 01 / Curso de Jornalismo/Benfica
16h – 18h
• Do documentário ao filme: produções audiovisuais no jornalismo — Auditório Luiz de Gonzaga / Benfica
• Anatomia de uma exposição: jornalismo e curadoria — Auditório MAUC / Benfica
18h – 20h
• Mostra audiovisual — Espaço Bergson Gurjão / Reitoria/Benfica
Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
8h – 10h
• Quem fala por quem? Publicidade, representação e ancestralidade / ICA/Pici
14h – 16h
• Memórias murais: pinturaço no prédio de Jornalismo — 2º e 3º andar, Prédio de Jornalismo / Benfica
• Copa Chica — Quadra Céu / CH2/Benfica
16h – 18h
• Ilustra aí: construção de tirinhas — JOR 01 / Curso de Jornalismo/Benfica
• Entre nós, o amor: leitura do livro “Cartas para minha vó”, de Djamila Ribeiro — JOR 03 / Curso de Jornalismo/Benfica















































































































































































