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Debate sobre soberania informacional abre semestre de 2023.2

Aula magna contou com as/os pesquisadoras/es Thaiane Oliveira (UFF) e Diógenes Lycarião (UFC); professores do curso se apresentaram às/aos estudantes calouras/os


Por Amanda Andrade*


Na projeção virtual, Thaiane Oliveira (UFF) e Luís Sérgio Santos (UFC); ao palco, Kamila Fernandes e Diógenes Lycarião / Imagem: Isabella Pascoal


O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou, em 11 de agosto, a aula inaugural do segundo semestre de 2023. O evento aconteceu no auditório José Albano, no Centro de Humanidades I (CH1), no bairro Benfica, em Fortaleza, e contou com a participação de alunos e professores do curso.


Para debater sobre o tema “Soberania Informacional”, a mesa foi composta pela professora Thaiane Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal Fluminense (UFF), presente virtualmente; e pelo professor Diógenes Lycarião, do curso de Jornalismo e do PPGCOM da UFC.


Mediada pela professora Kamila Fernandes, a conversa girou em torno da constatação de que investimentos em ciência e tecnologia são de suma importância para a soberania informacional de uma nação, além de se debruçar no tema do sucateamento da ciência em razão da alta na desinformação.


A professora Thaiane orientou sua participação a partir de um documento escrito pela Academia Brasileira de Ciências. Ela abriu sua apresentação articulando a respeito da existência de países produtores e consumidores de informação, explicando que, a partir daí, os territórios acabam vendendo sua autoridade informacional, transformando a informação em um capital político importante para as nações.


Ela ressaltou, no entanto, que “países da América Latina, como o Brasil, nunca foram consumidores de conhecimento, e sim produtores, sendo exemplos de resistência diante de países que buscam expropriar o conhecimento latino”.


Em seguida, a pesquisadora expôs uma linha do tempo que mostrou como a América Latina se colocou na vanguarda em diversas áreas de multiplicação dos resultados de pesquisas científicas, como na elaboração de sistemas que permitem o acesso aberto a todos os interessados, de forma até mesmo multilíngue.


No caso brasileiro, ela complementa salientando que o país pode ser considerado exemplo para as outras nações, mesmo passando por inúmeras dificuldades na realidade universitária.


A pesquisadora adicionou que, na transição entre as décadas de 2010 para 2020, houve uma alta na descredibilização da ciência. Segundo ela, essa descrença foi especialmente motivada por lideranças políticas e celebridades, responsáveis pela propagação da chamada “cacofonia epistêmica". Nesse sentido, a partir de uma ressignificação dos símbolos científicos, vão se criando novas autoridades em diversos assuntos e nem sempre a palavra do pesquisador é a mais relevante.


Thaiane pontuou que o descrédito à ciência se dá por diversos fatores, como crises dentro da academia, nuances econômicas, políticas ou perdas de espaço de poder. De acordo com ela, os pesquisadores não podem mais escolher estudar assuntos importantes, pois precisam se concentrar em desmentir as desinformações espalhadas pela cacofonia epistêmica.


A professora refletiu, ainda, a respeito da intencionalidade da desinformação e a legitimação epistêmica, ou seja, quem são as novas autoridades e quais são os meios para sua legitimação como tal.


Por fim, a pesquisadora da UFF trouxe alguns meios propostos pela Academia Brasileira de Ciências para amenizar as problemáticas entre ciência e sociedade.


Currículo Lattes


A palestra foi complementada pelo professor Diógenes Lycarião, que defendeu, dentro do tema da soberania informacional, o maior uso do Currículo Lattes, plataforma mantida pelo governo brasileiro, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que permite encontrar especialistas em assuntos acadêmicos específicos, facilitando o trabalho científico.


O pesquisador do PPGCOM da UFC também trouxe ao debate uma questão que limita o desenvolvimento de pesquisas brasileiras: a instabilidade da de investimento. Segundo Diógenes, a falta de continuidade não proporciona as condições necessárias para que as universidades brasileiras desenvolvam pesquisas de ponta, limitando suas contribuições à sociedade.


Apresentação dos professores do curso


Estudantes e professores durante a aula inaugural de 2023.2 do curso de Jornalismo da UFC / Imagem: Isabella Pascoal

Antes da fala dos dois palestrantes, os professores subiram ao palco do auditório José Albano para se apresentarem aos novos estudantes do curso, falando sobre seus currículos e suas experiências na UFC.


Alguns docentes se estenderam em suas falas, discursando sobre a relevância da universidade e da prática do jornalismo em sociedade.


“O jornalismo é preciso atingir todo lugar do país”, disse o professor Nonato Lima. “O jornalismo é tão essencial quanto a medicina”, refletiu ele a respeito da importância da disseminação informacional no país.


A mediadora da mesa e também professora do curso, Kamila Fernandes, ressaltou em sua fala que “a universidade é um lugar de luta”, instigando os calouros e veteranos a lutarem pelos seus direitos universitários.



*Amanda Andrade é estudante do 4º semestre do curso de Jornalismo e bolsista do Programa de Educação Tutorial do cursos de Comunicação (PETCom) da UFC.


** Isabella Pascoal é estudante do 2º semestre do curso de Jornalismo da UFC.


*** Edição: Robson Braga


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