A palestrante convidada abordou o que chama de um “jornalismo mutante”, que se modifica e se adapta, não só no tocante às ferramentas de trabalho, mas também às transformações sociais
Por Lívia Nogueira
8° semestre do Curso de Jornalismo da UFC
O 20º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo foi aberto oficialmente em solenidade na última quarta-feira (9), que contou com a participação de profissionais, pesquisadores, congressistas e organizadores do evento. Realizada presencialmente no Auditório III da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) da UFC, a abertura pautou a questão “Entre crises e (re)construções: a pesquisa em jornalismo 20 anos depois”, que é tema do encontro, e apresentou palestra sobre mutações e desafios do jornalismo.
A mesa inicial de solenidade foi composta por Kamila Bossato, doutora em Estudos de Comunicação, professora e coordenadora do curso de graduação em Jornalismo da UFC; Edgard Patrício, doutor em Educação, coordenador do Grupo de Pesquisa Práxis no Jornalismo (PráxisJor) e representante da coordenação executiva da comissão local do evento; e Samuel Pantoja Lima, doutor em Mídia e Conhecimento e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). A apresentação ficou por conta de Rafael Mesquita, também representante do PráxisJor e presidente do Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce).
Da esquerda para a direita: Rafael Mesquita, Kamila Bossato, Samuel Pantoja e Edgard Patrício (Foto: Gruppe/UFC)
“O jornalismo precisa estar conectado com as mudanças para se adequar a elas e para se antecipar a elas”, contextualiza Kamila, sobre a perspectiva de transformações constantes no mundo do trabalho e na sociedade retratada. Para a professora, os veículos e os profissionais da área precisam manter-se atentos e conscientes para agregar às lutas populares e ao desenvolvimento humano.
Edgard Patrício saudou os congressistas vindos de todo o Brasil e, como representante também da comissão de organização do encontro, referenciou as diversas contribuições para a realização do evento em formato presencial após dois anos sendo feito remotamente. Para o pesquisador, “eventos como esse fortalecem as pesquisas em jornalismo” e, por isso, é significativo contar com a participação de indivíduos em diversos níveis de formação e pesquisa.
“Esse 20º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo da SBPJor é uma espécie de gesto coletivo em defesa do jornalismo e da pesquisa”, traduz Samuel Pantoja. Representando a organização nacional, o pesquisador reiterou os agradecimentos à organização e aos participantes e refletiu sobre produções de outros pesquisadores que observam e transmitem conceitos como o da verdade, do futuro da profissão e do fato jornalístico e que, dessa forma, contribuem para a discussão que se constrói nesta edição do evento.
O retorno
Esta edição marca o retorno da SBPJor aos encontros presenciais, após mais de dois anos de pandemia de Covid-19 e o necessário distanciamento social. Ana Maria Teles, doutoranda na Universidade de Brasília (UNB), relata que esta é a terceira edição da SBPJor que participa, sendo que a primeira foi presencialmente e a segunda, on-line. “Participar da SBPJor é uma alegria. Espaços como este, além de socialização da área, trazem a gente para o debate. É uma experiência que todos devem ter”, celebra a pesquisadora.
Momento do credenciamento, no primeiro dia da SBPJor 2022 (Foto: Gruppe/UFC)
Já Marcelo Sena, mestre em comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), participa, este ano, da sua primeira edição e declara: “as trocas são muito ricas. Eu trabalho com jornalismo e acredito que é muito importante para o fazer e o pensar jornalístico. O evento presencial permite trocas que não são possíveis com on-line”.
O pesquisador cita seu encontro com o mestre em comunicação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Diogo Costa, ao evidenciar a animação em reencontrar os colegas pessoalmente e ter a oportunidade de construir redes e trocar conhecimentos. “A pesquisa em jornalismo está em um momento de reconciliação, já que, ao longo desses dois anos, tivemos momentos de produção e de muita reflexão. O jornalismo foi o que nos atualizou sobre o que estava acontecendo no mundo, então, daí já se mostra a importância. Pessoalmente, estou aqui em um momento de reconexão até mesmo com a profissão”, evidencia o congressista.
Conferência de abertura
Para finalizar a programação que abriu a SBPJor, também foi proposta uma palestra para discutir “As metáforas do jornalismo: mutações e desafios”. A temática refere-se ao campo de estudo de Adriana Amado, professora da Universidad Argentina de la Empresa (UADE).
A professora Adriana Amado (Argentina) foi a convidada internacional da abertura (Foto: Gruppe/UFC)
A palestrante abordou o que chama de um “jornalismo mutante”, que se modifica e se adapta, não só no tocante às ferramentas de trabalho, mas também às transformações sociais, coletivas e individuais. Na exposição, foram demarcadas metáforas conceituais em defesa de um jornalismo participativo, sensível, útil e livre.
“Entender que o serviço ao público deve integrar esse público. Não só como leitores, mas como participantes ativos na construção do jornalismo, porque isso vai favorecer, não só o jornalismo, mas também a democracia e a confiança social”, ressalta a professora com relação ao combate à onda de desconfiança gerada em torno desses veículos de informação e dos profissionais que o compõem.
Para Adriana, o considerado “quarto poder”, que é a comunicação e a informação, deve atuar para garantir o funcionamento dos outros três poderes. O jornalismo deve ser comprometido com a sociedade e transmitir a realidade que a envolve. Nesse contexto, a pesquisadora destacou a importância dos “jornalistas periféricos”, que dão espaço para narrativas para além das que estão no foco da grande mídia, os profissionais de veículos alternativos e independentes, que comumente estão mais próximos e sensíveis às demandas sociais.
As demais programações da SBPJor encerram na sexta-feira (11) e podem ser conferidas aqui.
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