A comemoração dos 60 anos do Curso de Jornalismo
- Curso de Jornalismo
- 12 de nov.
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Confira íntegra do comentário de Nonato Lima no programa Rádio Livre (Universitária FM) de hoje, em que o professor aponta a importância do Curso de Jornalismo como trincheira da luta social
Por Nonato Lima, professor do Curso de Jornalismo da UFC
Hoje é um dia especial para o jornalismo cearense. O primeiro curso universitário de jornalismo do Ceará, um dos primeiros do Brasil, completa hoje 60 anos.
Uma ideia que perpassou os debates na sociedade e nos meios de comunicação, que foi alimentada pela Associação Cearense de Imprensa (ACI) desde a década de 1930, encampada, em seguida, pelo Sindicato dos Jornalistas do Ceará, acabou se realizando em 12 de novembro de 1965, por decisão do Conselho Universitário da UFC, instância máxima da instituição, à época, dirigida pelo reitor Antônio Martins Filho.
Em solenidade, à noite passada, o auditório da reitoria ficou lotado de alunos atuais do curso, profissionais que lá se formaram nessas seis décadas, professores aposentados e os atuais. Foi um ato solene e rico em emoções, sob a presidência do reitor Custódio Almeida, com a participação da vice-reitora, Diana Azevedo, da coordenadora do curso, Naiana Rodrigues e do diretor do ICA, Ivânio Azevedo, e apresentação artística do Coral Orlando Leite. Cito esses nomes para homenagear a mais de uma centena de colegas e autoridades presentes ao evento.
Muito do que é o jornalismo cearense, o jornalismo brasileiro e conquistas democráticas da sociedade têm, em algum nível, relação com a história do Curso de jornalismo da UFC que, nascido em 1965, em plena ditadura militar, soube manter seus compromissos acadêmicos e participar ativamente da luta pela democracia.
Nas diversas manifestações realizadas na comemoração dos 60 anos ficou nítido o quanto o curso fortaleceu o jornalismo, ainda que diante de inúmeros desafios. Desafios que foram enfrentados com muita dignidade e coragem.
É do Curso de Jornalismo da UFC que venho como jornalista. É no curso de jornalismo da UFC que exerço o magistério, com muito prazer, e em sintomia com o firme compromisso institucional com a comunicação democrática e com as lutas sociais, através da formação da consciência crítica cidadã dos jornalistas e das jornalistas profissionais.
Um exemplo desse compromisso do curso com a democracia foi a presença do professor Marcelo Alves, da PUC do Rio de Janeiro, falando sobre “8 de janeiro, comunicação e democracia”, dialogando com a jornalista da UFC, Hébely Rebouças, ela também formada no Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará.
Então, esse registro que eu faço, com muita alegria e honra, dos 60 anos do Curso de Jornalismo, como um momento histórico importante para fortalecer a necessidade de defendermos a formação profissional no jornalismo, ao contrário do que foi feito num passado recente, um verdadeiro atentado à profissão de jornalista e uma ameaça à própria democracia que foi a retirada do direito à formação e ao diploma profissional de jornalismo. Na instância máxima do Judiciário Brasileiro, nós, jornalistas, perdemos a exigência da formação profissional, eu digo da formação profissional, porque essas coisas são combinadas, diploma não é só diploma, diploma simboliza uma formação. Infelizmente, até hoje, esse direito não nos foi devolvido, mas nem por isso desistimos da luta.
O Curso de Jornalismo, com o Sindicato, com a ACI, com a Federação Nacional dos Jornalistas, continua na luta para que, o que é cada vez mais exigido pela sociedade, uma conquista histórica, que é o reconhecimento da formação profissional como algo fundamental para qualidade técnica e ética do jornalismo seja novamente garantida.
