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Segundo dia de Sejor pauta acessibilidade de produtos jornalísticos

Especialistas em audiodescrição e legendagem compuseram roda de conversa realizada no auditório José Albano na última terça-feira, 4 de abril


Por Amanda Andrade*


Rodrigo Gomes, Rebeca Barroso, Vera Lúcia Santiago e Lucas Sampaio compuseram roda de conversa sobre produtos jornalísticos acessíveis / Foto: Guilherme Siqueira


O segundo dia da 13ª edição da Semana de Jornalismo (Sejor) da UFC contou, na última terça-feira, 4 de abril, com roda de conversa sobre produtos jornalísticos acessíveis para pessoas com deficiências. O debate foi realizado no auditório José Albano, no Centro de Humanidades I, no bairro Benfica.


A atividade foi mediada por Rodrigo Gomes, estudante do curso de Jornalismo da UFC. Convidados para o debate, Vera Lúcia Santiago, Rebeca Barroso e Lucas Sampaio trouxeram suas experiências com pesquisas, produções e consumo de produtos para pessoas com deficiências (PcD).


A discussão foi iniciada com a fala de Vera Lúcia que, além de doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), também integra o Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PosLA) e o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Estadual do Ceará (Uece).


A pesquisadora apresentou um apanhado geral sobre o histórico de suas pesquisas em acessibilidade. Vera destacou o protagonismo que a linha pesquisa em legendagem e audiodescrição alcançou dentro do seu grupo de pesquisa, devido ao interesse de alunos e pesquisadores.


Em seguida, relatou suas vivências como pesquisadora no ramo da legendagem e da audiodescrição, destacando que, apenas 14 anos depois do começo de seu trabalho, conseguiu entregar um produto realmente eficiente para os destinatários.


Vera também fez um alerta aos pesquisadores sobre a complexidade de se trabalhar com produtos para pessoas com deficiência. A pesquisadora afirma que a participação dessas pessoas, às quais o trabalho é geralmente direcionado, é essencial para a construção de um produto final de qualidade.


Nesse sentido, ela diz que as pessoas com deficiência podem atuar tanto como consultoras, quanto como receptoras de um produto ainda bruto, direcionando os vieses certos a serem tomados. Vera também fala em propor algo para esses consultores, para que eles avaliem a qualidade do que foi mostrado. “Precisamos de produtos em que a pessoa com deficiência seja protagonista”, defende Vera.


Consultora em audiodescrição e acessibilidade vinculada ao grupo de pesquisa Legendagem e Audiodescrição (Lead/Uece), Rebeca Barroso falou sobre a importância de se “comunicar algo que o outro vai entender”, principalmente no meio jornalístico. Rebeca destacou a importância da adequação do jornalismo e da sociedade para entregar um conteúdo possível de ser acessado por todos.


“Não são as pessoas com deficiência que são o problema, é a sociedade que precisa se readequar, criar novas estratégias, para que a sua comunicação seja inclusiva, acessível”, defendeu a consultora, que é uma pessoa com deficiência visual.


Rebeca também falou sobre a importância do trabalho em rede, que, a partir da construção de conexões, façam dos produtos jornalísticos produtos realmente efetivos para PcD. “Ninguém consegue fazer tudo sozinho, é preciso encontrar outras pessoas que nos ensinem a fazer, como fazer e também multiplicar”, ressalta a consultora.


A continuidade do debate foi dada por Lucas Sampaio, membro e coordenador estadual da Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça) e ex-presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Cedef-CE).


Lucas, que é autista e militante dos direitos das pessoas com deficiência, destacou a Convenção do Direito à Pessoa com Deficiência, documento da Organização das Nações Unidas (ONU) já incorporado à legislação brasileira por meio de Ementa Constitucional, além de citar a Lei Brasileira de Inclusão. Com base nas duas leis, Lucas advertiu sobre a importância e a obrigação legal da realização de produtos comunicacionais acessíveis.


“Quando eu trago o texto legal, é para mostrar que a acessibilidade não é um favor que vocês fazem para nós; é lei. Não dá para eu esperar a pureza do coração de vocês. Eu espero que vocês sigam a lei”, disse o ativista.


Lucas também endossou a fala das suas companheiras de mesa, ressaltando que pessoas com deficiências não são objetos de pessoas e, sim, pessoas com intelectualidade e que precisam ser incluídas nas tomadas de decisões sobre elas mesmas.


Oficina de legendagem para surdos e ensurdecidos (LSE)


Também nesta terça-feira, 4 de abril, a Sejor contou com a oficina de legendagem para surdos e ensurdecidos (LSE), ministrada por Eurijúnior Sales, especialista em LSE pela Uece e mestre em Estudos da Tradução.


O facilitador conversou com os estudantes sobre as normas técnicas e padrões para a produção de uma legenda, destacando exemplos sobre como elaborar tais legendas. Eurijúnior complementou a teoria com a prática, propondo uma atividade de legendagem ao final.



Eurijúnior Sales durante oficina de legendagem, realizada no laboratório do curso de Jornalismo da UFC / Foto: Guilherme Siqueira


*Amanda Andrade é estudante do curso de Jornalismo da UFC e bolsista do Programa de Educação Tutorial dos cursos de Comunicação da UFC, o PETCom. Edição: Robson Braga



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