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Plataformas impõem formatos, lógicas e processos de legitimação, diz Issaaf Karhawi

Aula inaugural de 2024.1 do curso de Jornalismo da UFC contou, nesta quinta-feira, 14/03, com a presença virtual da doutora em Comunicação pela USP e professora titular do PPGCOM da Universidade Paulista (Unip)


Por Rafael Santana*



Issaaf Karhawi participou virtualmente da aula inaugural 2024.1 do curso de Jornalismo da UFC / Guilherme Siqueira


Ambiente privilegiado para os influenciadores digitais, as plataformas virtuais, a exemplo das redes sociais, possuem lógicas próprias que acabam por embaralhar o funcionamento tradicional das relações sociais.


Se os professores, por exemplo, precisavam passar por uma formação acadêmica e possuir um vínculo com uma instituição de ensino para serem legitimados a falar sobre algo que dominam, hoje não se pode dizer o mesmo sobre funções sociais contemporâneas, como é o caso dos influencers.


A reflexão acima foi exposta nesta quinta-feira, 14 de março, pela pesquisadora Issaaf Karhawi durante a aula inaugural de 2024.1 do curso de Jornalismo da UFC, que teve como tema "O jornalismo na era dos influencers: redes sociais, infodemia e qualidade da notícia".


"A gente sempre se organiza por contratos de comunicação, por meio do qual a sociedade autoriza 'o outro' a falar. Os influencers possuem processos próprios de legitimação, são outorgados pelos públicos", ressalta a doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP e professora titular no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Paulista (Unip).


Issaaf destaca que os influenciadores costumam ser lidos como "símbolos da apropriação perfeita do desenho das plataformas", principalmente pelo fato de eles estarem diariamente testando as ferramentas disponíveis, ao ponto de atingirem uma espécie de "exaustão algorítmica", como define a pesquisadora, que é autora do livro "De blogueira a influenciadora: etapas de profissionalização da blogosfera de moda brasileira".


Para a professora, a "plataformização do jornalismo" tem ocorrido na esteira da "plataformização do influenciadores digitais". "Talvez seja uma 'influencialização' do jornalismo, que está relacionado com o trabalho de plataformas, e as plataformas como estruturas que impõem formatos, lógicas e processos de legitimação", aponta.


Issaaf dividiu sua fala em três aspectos relacionados ao surgimento e à consolidação dos influenciadores digitais: a cultura participativa, o processo de legitimação (quem está legitimado a falar nas redes sociais) e o que ela destacou como "paradigma de expert". “Tudo isso vai se organizando dentro de uma dinâmica do digital”, pontua a escritora.


O evento ocorreu no auditório José Albano, no Centro de Humanidades 1 (CH1), em Fortaleza, e contou com mediação de Rafael Rodrigues, docente do curso de Jornalismo da UFC.


Recepção dos estudantes calouros


Além das contribuições da pesquisadora convidada, a aula inaugural reuniu alunos, professores e deu as boas-vindas aos novos graduando de Jornalismo. “Eu vejo nossa profissão como protetora e observadora da sociedade”, ressalta Karhawi, que, apesar de estar do outro lado da tela, foi calorosamente recebida com aplausos pela audiência presente no local.

Issaaf lançou reflexões para a nova geração de jornalistas presentes ali. “O desafio da era de vocês será com um jornalismo plataformizado", projetou.

Estudantes presentes na aula inaugural destacaram a contribuição acadêmica e profissional que o debate sobre o tema pode oferecer. “Achei o tema muito importante, além de toda a troca de conhecimento, como as falas da Issaaf, pois é sempre importante possuir essa educação midiática, não só os estudantes de Jornalismo, mas toda a sociedade”, ressalta Davi Brandão, graduando de Jornalismo da UFC.


Já para Maria Fernanda, também graduanda do curso, o debate sobre o tema foi "valoroso" e lhe gerou reflexões. “Essa questão dos influencers dá um cenário em que a gente começa a questionar como esse meio desnaturaliza tantos comportamentos únicos que a gente possui. É como se adotássemos características de influenciadores e acabássemos entrando nessa lógica digital também”, destaca.


Assista à aula inaugural de 2024.1 na íntegra a seguir:






*Rafael Santana é estudante do curso de Jornalismo da UFC e bolsista vinculado à coordenação do curso | Edição: Robson Braga




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