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O jornalismo não é para amadores

Este texto integra a quarta edição da newsletter Eu, Você e Nós, produção da disciplina Transformações no Mundo do Trabalho dos Jornalistas, ministrada em 2022.2 pela professora Naiana Rodrigues, com apoio da estagiária de docência Lorena Marcello (PPGCOM-UFC)


A comunicação vem se transformando constantemente à medida que a tecnologia avança. Com o surgimento de novos dispositivos midiáticos, como o computador e os aparelhos celulares, a produção jornalística passou a ser centrada na interatividade direta com o público consumidor dos jornais, principalmente nas redes sociais. O que sinaliza umatransição do modelo clássico impresso para o digital.


Assim, a fim de se manterem competitivos no mercado de trabalho atual, os jornalistas precisam saber como navegar nesses meios tecnológicos de forma efetiva. Obtendohabilidades e qualificações para exercer seus ofícios na era da convergência midiática, produzindo e distribuindo conteúdo para os mais variados formatos.


A jornalista e escritora Gabriela Dourado percebeu os efeitos dessas mudanças já no início de sua trajetória profissional e explica que o investimento em formação é essencial, a fim de assegurar a permanência e o crescimento de quem atua no segmento da Comunicação.


A jornalista Gabriela Dourado (Foto: Arquivo pessoal)


“Está posto, é claro, que é um mercado em processo de mudanças extremas e de precarização, então acredito ser muito mais importante que o futuro profissional compreenda as mudanças e esteja atento a elas. Para além disso, estamos em um momento de crise e com altos índices de desemprego em diversas áreas, por questões socioeconômicas. Constante formação, aperfeiçoamento e estudo fazem parte da construção do profissional de qualquer área”, conta.


Sobre a intersecção entre ojornalismo e os suportes digitais, Gabriela concorda que a repercussão nas redes sociais é um importante fator no momento de apuração e consequente produção das matérias jornalísticas. Porém, acredita que a viralização não pode ser o único propósito por trás da notícia. “É preciso muito cuidado e uma capacidade crítica para não permitir que esse seja o único critério de avaliação sobre o que é publicado ou não. Pois, se assim for, o meio se torna "mundo cão" e se perde de sua linha editorial”, argumenta.


A demanda por textos atuais, “atraentes e virais” impacta nasaúde física e mental dos jornalistas, que muitas vezes desempenham funções pelas quais nem sequer foram contratados. “Saí da redação do jornal depois de mais de uma década após uma integração, que sobrecarrega todo o trabalho e entregas dos profissionais de redação… Mesmo estando apta a trabalhar em diferentes frentes, era impossível trabalhar em todas ao mesmo tempo”, analisa.


Nesse sentido, de acordo com Carmem Santiago, diretora da Secretaria da Saúde do Trabalhador da CUT, essa "desregulamentação'' é altamente prejudicial e pode resultar em acidentes, pois “se o corpo e a mente estão cansados, a capacidade de concentração desses trabalhadores é a pior possível”.


Carmem Santiago, diretora da Secretaria da Saúde do Trabalhador da CUT (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo sua experiência em seu cargo à frente da Secretaria da Saúde, esse tipo deexaustão laboral também provoca consequências negativas nos relacionamentos interpessoais dos indivíduos. “Há um aumento da violência doméstica, rompimento de namoros e casamentos… Falta empatia na convivência, porque as pessoas preferem ficar isoladas. Não conseguem desligar. E os relacionamentos são meio que escanteados, porque o foco principal é o lado profissional o tempo inteiro”, pondera.

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