Texto: Pedro Igor
Edição: Rafael Rodrigues
Na noite do último dia 29 de janeiro, o Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) deu início às celebrações dos seus 60 anos com a mesa redonda “Interseções entre o Jornalismo e Audiovisual”. A mesa, mediada pela professora Júlia Lopes, contou com a presença dos alunos egressos Euziane Bastos e Rogério Bié, diretores do documentário “Filhos do Vento”, e Janaína Marques, cineasta formada em Jornalismo pela UFC. À convite da professora Júlia, o jornalista Demitri Túlio, do jornal O POVO, também se juntou à mesa e contribuiu com o debate, que ocorreu no Auditório Rachel de Queiroz, no Centro de Humanidades da UFC.
Euziane e Bié, recém-formados do curso, abriram a mesa com a apresentação do documentário “Filhos do Vento”, que foi também o resultado do trabalho de conclusão do curso da dupla. O filme retrata questões socioambientais relacionadas à implantação de um parque eólico próximo a comunidade quilombola do Cumbe, em Aracati. Elogiado pelo manejo sensível ao retratar o impacto que a instalação teve na vida dos moradores locais, o filme foi exibido no 34º Festival Cine Ceará e atualmente está disponível no YouTube.
Na mesa, a dupla falou um pouco do processo de produção do longa-metragem e o que os motivou a realizá-lo: ambos vêm do interior do estado, de comunidades pequenas. A temática proposta pela orientadora do trabalho, professora Kamila Bossato, de retratar os desafios de uma comunidade pequena e invisibilizada se enquadrou naturalmente naquilo que os dois buscavam através do jornalismo.
Janaína Marques trouxe um relato inspirador por meio de sua trajetória. Graduada em Jornalismo pela UFC, Janaína diz que sempre quis trabalhar com cinema. À época de sua graduação, a única oportunidade que tinha de trabalhar com audiovisual na cidade era provavelmente dentro do Jornalismo, na realização de documentários e outras peças audiovisuais. Formada, logo percebeu que o jornalismo não abarcava todas as histórias que queria contar. Decidiu arriscar uma virada de carreira audaciosa e foi para Cuba estudar cinema, dessa vez para valer. E lá descobriu que imagem e som podem ser capazes de contar histórias que o Jornalismo tradicional não abarca.
Com um certo orgulho, Janaína diz que não tem mais nenhum compromisso com a notícia. Citando David Lynch, Janaína lembra que o cineasta precisa estar atento às ideias, assim como o jornalista precisa se ater ao mundo que nos cerca.
O cineasta precisa estar atento às ideias, assim como o jornalista precisa se ater ao mundo que nos cerca. Janaína Marques
Demitri Túlio também trouxe à mesa sua experiência com o Jornalismo Audiovisual. Por ter no jornalismo o seu lugar de contação de histórias, Demitri conta que gosta de se aventurar pelas diferentes formas nas quais o jornalismo pode se apresentar. Hoje trabalha como repórter especial no Núcleo de Audiovisual do jornal O POVO e explora também os espaços de formação e experimentação audiovisual em Fortaleza.
A mesa contou ainda com a apresentação do “Jornal Universitário”, trabalho desenvolvido pelos discentes da disciplina Jornalismo Audiovisual, ministrada pela professora Kamila Bossato, com notícias e reportagens que pautam a própria UFC por meio do audiovisual.
Ciclo 60 Anos
A mesa redonda “Interseções entre Jornalismo e Audiovisual” foi a primeira ação de uma série de eventos que deverão ser realizados ao longo de 2025 para celebrar os 60 anos de fundação do curso de Jornalismo na Universidade Federal do Ceará. O presidente da comissão responsável pela celebração da efeméride, professor Rafael Rodrigues, convidou alunos, egressos e professores para participarem ativamente nas atividades propostas durante o ano. A próxima atividade do Ciclo 60 Anos do Curso de Jornalismo será a mesa Futuros Possíveis: Jornalismo e Meio Ambiente, prevista para 18 de fevereiro, às 18 horas.