Depois de mais de dois anos de muita resilência na batalha contra o câncer, Ismar nos deixou nesta segunda-feira, dia 24 de março.

"Ismar faz sua caminhada por esse mundo com um compromisso inabalável no social! Era isso o que balizava seu pensamento, suas percepções e ações. Por essa compreensão, era enfático em defender suas ideias e seus argumentos. Sua coerência estava estampada na relação que sempre fazia entre o conhecimento e sua atuação no mundo. Era a práxis em movimento! A(o)s marginalizada(o)s da vida perdem um companheiro solidário de jornada!". O depoimento do professor Edgard Patrício sintetiza o homem, o professor e o agente político que conviviam sob a pele de Ismar Capistrano Costa Filho.
Natural da cidade de Quixadá, Ismar se formou em Comunicação Social - Jornalismo em 1995, fez mestrado em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, no ano de 2008 (UFPE) e doutorado em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2016, onde sob orientação da professora Ângela Marques, desenvolveu a tese "Usos Sociais das Rádios Zapatistas: o Mapa Noturno da Construção da Autonomia nas Mediações Comunicativas da Cultura".

Discípulo das reflexões de Jesús Martín-Barbero, Ismar Capistrano se interessava pelos usos e apropriações da comunicação midiática pelos movimentos sociais, em particular, pelo uso do rádio como meio de resistência de grupos sociais marginalizados ou contra-hegemônicos. "O professos Ismar era um importante conhecedor do teórico hispânico-colombiano Martín Barbero; dos Estudos Culturais e Estudos de Recepção. Era um apaixonado pela América Latina. Nos deixa com profunda tristeza. Uma partida precoce… nos abala muito!", lamenta a professora do Curso de Jornalismo e do PPGCOM-UFC, Maria Érica Lima.
O senso de justiça social e de cidadania marcaram a trajetória de Ismar Capistrano como professor e jornalista. Em 2008, ele foi aprovado no concurso de professor substituto de Fundamentação Teórica na UFC, dando início à sua carreira docente. Após essa primeira passagem pelo Curso de Jornalismo, ele lecionou nas graduações em Jornalismo na então Faculdade 7 de Setembro e na Faculdades Nordeste (Fanor). Em 2016, foi aprovado no concurso de professor substituto de Radiojornalismo na Universidade Federal do Cariri (UFCA).

Em 2016, Ismar Capistrano foi aprovado no concurso de professor efetivo de Jornalismo Sonoro, na Universidade Federal de Uberlândia, mas também prestou concurso para professor efetivo na UFC ainda em 2016, sendo aprovado para lecionar no setor de estudos de Gestão e Empreendedorismo em Comunicação e Jornalismo.
À frente da coordenação do Curso de Jornalismo entre 2017 e 2020, Ismar foi o responsável por melhorias estruturais nas condições de oferta do Curso, além de ter participado de um bem-sucedido ciclo avaliativo do Enade, no qual o Jornalismo da UFC obteve nota máxima no exame aplicado em 2018.
"Nós, professores, estamos bastante abalados com a passagem do nosso colega. O Ismar foi guerreiro, resistiu até o último momento. E essa força era bem própria do modo como conduziu a carreira dele, tanto em sala de aula, como na pesquisa científica. Muito empenhado com aquilo que era a missão dele, ao ponto de ter se recusado solicitar licença para tratamento de saúde. Seguiu em sala de aula até o fim", explica o professor e vice-coordenador do Curso de Jornalismo, Robson Braga.

Apaixonado por rádio e pela comunicação popular, o professor Ismar levou sua bandeira de defesa da democratização da comunicação nos seus ensinamentos na graduação e na extensão universitária. Ele coordenava dois projetos de extensão: Projeto de Apoio à Comunicação Alternativa, Comunitária e Cidadã (Cacco) e a Web Rádio Cruzamento (Cruzacast).
Ismar ministrava, na graduação em Jornalismo da UFC, disciplinas como Comunicação, Cidadania e Direitos Humanos, Gestão e Assessoria em Comunicação e Jornalismo, Educomunicação e Fundamentos da Comunicação e do Jornalismo, Na pós-graduação em Comunicação, onde era professor colaborador, Ismar ministrava disciplinas desde 2020 e era responsável por conduzir turmas de Recepção e Mediações Socioculturais. Ele também atuou em orientações de dissertações.
Atualmente, ele era vice-coordenador do GT Recepção, Circulação e Usos Sociais das Mídias, da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós).


O legado do professor Ismar estará sempre presente na UFC e na comunicação cearense, por meio de suas pesquisas, de seus orientandos e orientandas e dos inúmeros comunicadores populares formados por ele em nosso estado.
O velório acontece na funerária Afagu, em Quixadá, e o sepultamento será realizado no cemitério Nova Jerusalém, também em Quixadá, nesta terça (25), às 15h.
O Curso de Jornalismo decreta luto oficial nesta terça-feira, (25).