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Mesa redonda sobre Jornalismo Ambiental integra comemoração de 60 anos do Curso de Jornalismo

  • Kamila Fernandes
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

Texto: Ana Vitória Galdencio (4º semestre do Curso de Jornalismo)

Edição: Rafael Rodrigues


Na noite do dia 18 de fevereiro, o Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará realizou uma mesa redonda intitulada Futuros Possíveis: Jornalismo e Meio Ambiente. O evento foi parte do ciclo de comemorações dos 60 anos do curso. A mesa, mediada pela professora Rosane Nunes, contou com a presença dos alunos Gabriel Matos e Maria Fernanda Melo, cofundadores do projeto de extensão sobre jornalismo ambiental Cuida, Criatura!. Além deles, as jornalistas Catalina Leite, do jornal O POVO, e Thays Lavor, do portal InfoAmazonia também se fizeram presentes. A professora e coordenadora do curso de Economia Ecológica da UFC, Maria Inês Escobar, e o vereador Gabriel Aguiar também contribuíram para o debate, que ocorreu no auditório da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Ceará, a ADUFC.



 Gabriel Aguiar, Catalina Leite. Thays Lavor, Rosane Nunes, Maria Fernanda Melo, Gabriel Matos e Maria Inês Escobar durante o evento. Foto: Pedro Igor
 Gabriel Aguiar, Catalina Leite. Thays Lavor, Rosane Nunes, Maria Fernanda Melo, Gabriel Matos e Maria Inês Escobar durante o evento. Foto: Pedro Igor

Antes de iniciar o debate, os cerimonialistas Laura e Bernardo Manuel pediram um minuto de silêncio por Camila Lima e Luiz Otávio Paiva Filho, egressa e estudante do Curso de Jornalismo, respectivamente, que faleceram no início de fevereiro. Após esse momento, Gabriel Matos e Maria Fernanda Melo apresentaram o projeto de extensão Cuida, criatura!, que iniciou no ano passado com o propósito de difundir o jornalismo ambiental.


A diretora da Rádio Universitária e coordenadora do projeto, Rosane Nunes, incentivou a produção de um quadro no programa “Almanaque”, com episódios de 30 minutos, todas as terças-feiras às 19h30. A cada semana, são tratadas temáticas diferentes, com linguagem voltada principalmente para o público jovem e contextualizada para o Nordeste do Brasil. O objetivo é aproveitar os 1.800 ouvintes, em média, por minuto, da rádio, para conversar sobre o impacto do meio ambiente na vida do cidadão e vice-versa.


O Cuida, Criatura! ganhou diversos prêmios, como o Prêmio de Jornalismo do Banco do Nordeste, na categoria universitária estadual, com a série de três episódios “Feiras Agroecológicas: alimentos, saberes e afetos”. Os cofundadores do projeto relataram o sonho de participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, que ocorrerá em Belém do Pará, nos dias 10 a 21 de novembro. Para conseguir levar quatro estudantes ao evento, Gabriel e Maria Fernanda divulgaram uma vaquinha, com o intuito de arrecadar o valor necessário.


Desafios nas redações hegemônicas e independentes


A repórter do jornal O Povo, Catalina Leite, trouxe à mesa a dificuldade de apresentar um conteúdo aprofundado sobre jornalismo ambiental em veículos massivos. Catalina relata que os jornalistas estão enfrentando um grande desafio comunicacional para que as pessoas entendam a crise ambiental, pois notícias baseadas em memes envolvendo animais, algumas vezes, são o único conteúdo próximo da pauta ambiental oferecido nos veículos. Ela defende que se deve falar sobre seres humanos, fauna e flora com o mesmo grau de importância. Independente de escolher focar em jornalismo ambiental ou não, o jornalista precisa estudar essa temática.


Catalina Leite e Thays Lavor discutem sobre veículos massivos e independentes. Foto: Pedro Igor
Catalina Leite e Thays Lavor discutem sobre veículos massivos e independentes. Foto: Pedro Igor

Thays Lavor, coodenadora de projetos de dados do portal independente InfoAmazônia, complementou os argumentos de Catalina ao afirmar que, por exemplo, é impossível cobrir política sem passar por uma pauta ambiental. Seu trabalho é focado na intersecção entre jornalismo de dados, investigativo e ambiental para contar histórias sobre a maior floresta tropical contínua do planeta. O geojornalismo é uma estratégia usada por esse portal independente que une o jornalismo às ciências da terra para fomentar o conhecimento sobre o território e a relação entre o meio ambiente e o ser humano.


Ao ser questionada sobre se é possível realizar um jornalismo ambiental aprofundado em veículos massivos, Thays responde que é uma questão de escolha. “É uma decisão muito política do jornal, pois quando você tem um interesse em repercutir aquele conteúdo, você pensa em formas de poder informar aquilo da melhor maneira. É tudo uma questão de vontade política editorial”, afirmou ela.


Em busca da transformação social


A mesa contou, ainda, com a visão da agrônoma e economista ecológica, Maria Inês Escobar, sobre o papel da comunicação para a causa ambiental. Inês pontuou que o desafio econômico e midiático para tratar da pauta do meio ambiente é o mesmo: conseguir espaço. Para vencer essa problemática, o profissional deve ler o tempo inteiro a realidade do coletivo, pois a sociedade se interessa pelo impacto daquilo na sua vida. Ela ressalta que o meio ambiente, não é apenas as florestas, mas também os locais urbanos, logo precisa-se falar sobre o cuidado com o ambiente de, por exemplo, locais comunitários.


O vereador Gabriel Aguiar contribuiu para o debate chamando atenção para o poder negativo da comunicação como principal recurso para manter a exploração do meio ambiente e da sociedade.


“O mesmo poder que se confere a comunicação para a transformação, se confere também para o outro lado. A comunicação como principal ferramenta de manutenção das coisas como estão.” Gabriel Aguiar

O vereador afirma que a desinformação ganha força nas plataformas de redes sociais diante do desinteresse das grandes empresas de tecnologia em estimular o debate cidadão. Nesse contexto, o jornalista ambiental precisa apresentar pautas que promovam a mobilização social. “Se não houver pressão e entendimento de causa da sociedade os prefeitos não se importarão, por isso precisamos da comunicação”, destacou Gabriel.


Gabriel Aguiar ressaltou que a estrutura social vigente contribui com o desconhecimento sobre meio ambiente, pois a população que vive nos centros urbanos não sabe de onde vem seus recursos, nem para onde vai seus descartes, por exemplo. A sociedade precisa encontrar algo próximo pelo que lutar: “A gente precisa ter propostas, progresso, programa, para o fim do mundo e o fim do mês”.


O Artigo 225 da Constituição coloca o meio ambiente equilibrado como um direito das presentes e futuras gerações. De acordo com Gabriel, esse direito baseia toda a proteção da natureza, pois exige o acesso de qualquer cidadão a uma vida em harmonia com o ambiente.


Veja trecho da fala do vereador Gabriel Aguiar durante o evento. Vídeo: Rafael Rodrigues

Próximas atividades do Ciclo 60 Anos


As celebrações de 60 anos do Curso de Jornalismo da UFC seguem com a realização do minicurso Laboratório de Jornalismo Esportivo – dentro e fora das linhas. A atividade, remota, é destinada a estudantes de Jornalismo da UFC e da UFCA e será realizada em 8 e 9 de abril. As inscrições podem ser feitas aqui.


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