Sobre acessibilidade, tanto na UFC quanto na cidade de Fortaleza, O Orca fez criticou a falta de políticas efetivas de inclusão
O documentário “O Orca”, tendo como personagem central o “invisual” José Anchieta de Carvalho, estreou neste 25 de fevereiro de 2025, às 14 horas, no Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará.
"A Biblioteca [do Centro de Humanidades da UFC, no Benfica] é simplesmente inacessível para mim”. Anchieta de Carvalho diz que o percurso para acessar a “Secretaria de Acessibilidade da UFC é inacessível . Não existe acessibilidade, não existe. Se não for a ajuda de algum amigo não consigo, é muito desafiador, é desestimulante”.
“Até na hora do lanche, do intervalo, eu prefiro ficar na sala de aula, conversando com os meus colegas, buscando mais conhecimentos, porque são muito inteligentes, do que me arriscar ir até a Secretaria de Acessibilidade ou à Biblioteca”.
Anchieta de Carvalho, estudante de Jornalismo na UFC, foi escolhido como protagonista da entrevista biográfica em vídeo devido à sua trajetória marcada por superações e conquistas.
“Nenhum invisual é feliz, ele vive bem, mas não é feliz. Nem é nem por não ver, é só por um pequeno detalhe muito simples, é muito desafiador você precisar dos outros. Você ser independente é a melhor coisa do mundo. [...] Sempre eu vou precisar enxergar com os olhos das outras pessoas”.
Atleta multicampeão, Anchieta de Carvalho se destaca nos esportes há algumas décadas e, ao longo delas, aprimorou outras áreas de interesse. Isso fica evidente, quando menciona sua atuação como poeta, repentista, ator, dançarino, entre outras habilidades.
O “Orca”, como ficou conhecido nas raias de natação, se tornou invisual em 2013, após uma reação térmica radical em acidente doméstico. O choque térmico causou um descolamento de retina, a separação da retina da parte de trás do olho.
Treze anos depois, o estudante de Jornalismo Anchieta de Carvalho luta por uma universidade mais acessível, com ferramentas e tecnologias capazes de proporcionar aos PCDs (Pessoas com Deficiência) uma experiência igualitária, digna e justa no meio acadêmico. Ele critica a total ausência de acessibilidade não somente na arquitetura da Universidade, mas principalmente na cidade de Fortaleza, onde as calçadas são perigosas arapucas para pessoas cegas.
O documentário, uma entrevista em profundidade, foi realizado pelos estudantes do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), como atividade de conclusão na disciplina Fundamentos da Comunicação e do Jornalismo, ministrada pelo professor Luís Sérgio Santos, durante o semestre de 2024.2.
“Não ‘escolhemos’ o Anchieta, sua história é que nos chamou”, afirma a diretora Isabela “Julie” Flores, que também cuidou da produção, fotografia e som com assistentes. Para Isabela, realizar um doc em tempo recorde, um trabalho colaborativo, foi “um desafio, com toda certeza [...] e que rendeu um trabalho feito com muito amor, carinho e dedicação da equipe.”
O documentário Orca, pode ser acessado no YouTube.
Por: Isabela “Julie” Flores, estudante do Curso de Jornalismo